Os parônimos, aquelas palavras parecidas, mas de significados diversos,
constantemente provocam confusão entre os redatores. Flagrante e
fragrante, inflação e infração, moção e monção, posar e pousar etc. são
alguns pares de parônimos.
A troca de um por outro leva a incongruências semânticas. Veja, abaixo, um caso:
"O Jornalista e o Assassino" tornou-se um estudo emblemático
sobre a dinâmica do jornalismo, em que repórteres seduzem entrevistados e
estes seduzem aqueles, sempre renegando as reais intenções a segundo plano.
O redator confundiu relegar com renegar. Os termos têm significados diferentes.
“Renegar”, da mesma origem de “negar”, significa renunciar solenemente a
algo (renegar a fé), abandonar convicções (renegar o socialismo), negar
(renegar um crime), desprezar (renegar um filho), lançar maldição (“Eu
te renego!”), abrir mão de algo (renegar o apoio de alguém), trair
(renegar um amigo).
“Relegar”, por sua vez, quer dizer afastar, apartar (relegar
adversários), pôr em segundo plano (relegar alguém ao esquecimento),
“afastar com desdém” (relegar o parente do seio da família).
Note-se ainda que o verbo “relegar”, diferentemente do que ocorre com o
verbo “renegar”, é bitransitivo, ou seja, constrói-se com dois objetos
na estrutura “relegar algo a...”. Em outras palavras, não se diz
“renegar algo a”, mas, sim, “relegar algo a...”. Vê-se que, ainda que se
encontre alguma semelhança de sentido em alguma das acepções de um e de
outro verbo, a sua sintaxe é diversa.
Certamente o redator pretendia dizer o seguinte:
"O Jornalista e o Assassino" tornou-se um estudo emblemático
sobre a dinâmica do jornalismo, em que repórteres seduzem entrevistados e
estes seduzem aqueles, sempre relegando as reais intenções a segundo plano.
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